DESPEDAÇANDO FLORES
Vivo no mundo a cultivar valores perdidos,
A discursar a beleza numa poética e utópica retórica falida,
Transpirando bucólicos anseios num mundo indiferente às coisas belas!
Um mundo que já corrompeu seus valores,
Desvirtuou o que é virtude,
E envenenou nossos sonhos com fumaça radioativa.
Deixou o ar que respiramos enegrecido por nuvens de petróleo,
e a água dos lagos poluída com tóxicos resíduos industriais;
Parece que esse mundo agora segue sua própria lei!
A lei dos desprovidos de alma pura!
E que nosso romantismo desapareceu entre os escombros
Das selvas de pedra.
Nossos poetas reviram-se em suas covas,
Lamentado a sorte de toda beleza perdida.
Agora são as luzes artificiais que clareiam no meio da noite,
Uma noite já sem o brilho da velha lua dos enamorados,
Talvez em algum lugar distante,
Longe das fábricas do progresso,
Repouse algum lago transparente que reflita bucólico
O brilho cintilante das estrelas.
Onde ainda existam homens simples de coração,
Que não tragam dentro de si essa fúria incontida dos espíritos insensíveis,
Que despedaçam flores,
Destroem sonhos,
E entristecem o canto dos pássaros!