AGRI-DOCE

Aparto-me de mim para me olhar

assim como se eu não fosse

imparcial a me julgar

vejo-me um ser agri-doce.

Dos sonhos capto a essência

da fé, a força que me move

da teimosia, a resistência

da escrita, a paixão que me absorve.

Às vezes acho que sou tanto

outras sinto que nada dou

por muito que lute, nada suplanto

e quase não gosto do que sou

Por vezes pinto a vida

de tons neutros e cinzentos

outras, pincelo de cores garridas

até os dias mais pardacentos.

Oscilo qual folha ao sabor

de vendavais e ventos cruzados

gelo/quente, alegria/dor

ecos de silêncios mudos/escutados.

Cheia de nada ou preenchida

ora triste, ora feliz

caminho sem me render.

Em cada chegada ou partida

sou principiante, mera aprendiz

da vida que tenho para viver.