Desencanto
Eu sou o fundo
da superfície.
Sou o sorriso
melancólico
da Monalisa,
que tirou
o sono de Da Vinci.
Sou o mundo
sem planície,
um ponto bucólico
no meio do alvo
espreitando o dardo.
Sou Macabéia
dentro ainda de Clarice.
Sou Capitu
esmiuçada,
sem direito a voz.
Sou a platéia
em silêncio,
muda de desejo,
intermitentemente
sem surpresa.
Sou Frida Kahlo sem Diego.
Sou a música não cantada.
Sou o carnaval sem enredo.
Sou Nistzsche sem o nada.