Desencanto

Eu sou o fundo

da superfície.

Sou o sorriso

melancólico

da Monalisa,

que tirou

o sono de Da Vinci.

Sou o mundo

sem planície,

um ponto bucólico

no meio do alvo

espreitando o dardo.

Sou Macabéia

dentro ainda de Clarice.

Sou Capitu

esmiuçada,

sem direito a voz.

Sou a platéia

em silêncio,

muda de desejo,

intermitentemente

sem surpresa.

Sou Frida Kahlo sem Diego.

Sou a música não cantada.

Sou o carnaval sem enredo.

Sou Nistzsche sem o nada.

Kely Karenina
Enviado por Kely Karenina em 13/01/2010
Código do texto: T2026607
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