Descendo a ladeira
Maria Antônia Canavezi Scarpa
Descendo a ladeira, arfando de cansaço
casualmente descobri quanta beleza
havia ao redor das casas, ornadas de floreiras
fecundadas, para desabrocharem vistosas
disciplinadas nos seus galhos finos
Nos meus passos solitários, contei as cores,
sublimando os meus tormentos,
ao espirar o olor que as flores desprendiam,
pois senti, que não era assim tão difícil
percorrer este paraíso, em forma de veredas
O retorno da primavera começara
como um sopro de vida, inflando a paisagem,
não havia sequer, um assobio de vento
ou hálito de brisa, apenas o frescor
das manhãs debruadas em sombras
Esqueci as longas buscas,
sob um sol que tudo via, me acolhendo
nas suas lépidas asas de ouro,
nem me perturbei, se ele interferisse
para onde se dirigiam os meus passos
A ladeira se acentuava, fiquei apressada
o tempo corria e eu queria pintar a paisagem,
repousar no papel as tintas, de tudo que vi ...
até as pedras se transformarem em estrelas
logo que a noite se derramava