saudades perdidas
A Casa Velha
É assim que a chamávamos “Casa Velha”.
Quintal extenso, até preá tinha.
Preá da índia é assim que chamávamos,
De todas as cores que há.
Alegria nossa... Queixume da vizinha.
Um dia de tão velha a parede caiu.
Era de adobe e facilmente ruiu
Já não havia divisões entre nós e a vizinha.
Divisões materiais não mais havia.
Mas as contendas pessoais todo dia.
Um dia a “casa nova” ficou pronta.
Chegou a hora da despedida.
Não quis ir embora... Arrastaram-me.
A velha gata em um braço, a mais nova no outro.
O olhar tristonho
O semblante abatido
Volta e meia, para a direção da casa,
O olhar volvia.
Foram dias de tristeza,
A nova casa nada me dizia
O meu olhar na direção da outra seguia.
Saudades, como explicar?
Nada mais doloroso e gostoso de sentir
Nostalgia, fuga do presente dia...
Agonia, choro, alegria.
Um dia a “casa velha” retornei
Não caminhava, corria,
Abraçar a velha árvore, que emoção.
A porta - com pouco esforço - aberta foi.
Que tristeza... Como eu coçava...
As pulgas que ficaram
Multiplicaram-se... Que agonia...
A velha casa deixei
Nunca mais lá voltaria
As recordações... Sim as guardei.
A casa velha para trás ficou...
Como tudo para trás fica
As brincadeiras... As alegrias...
Os choros... As dores...
Os amores e dissabores.
Tudo... Contarei um dia.
Autor: Fernando Rocha da Costa