Corações Não São de Mármore
Cala, andorinha macabra,
Pousa sobre a sorte alheia, que é mortalha noturna
Saia desta coroa que ladra,
Vade Retro, volta à tua furna!
Não há coração que se parte em caco,
Se tu afias sempre esta navalha,
Ora, Estilhaçá-lo, não farás este ato,
Corações não são como muralhas!
E tu insistes, negra pomba, sempre
A entregar este coração em bandeja
À primeira linda mortal ao seu lado,
Corações não são castelos, não podem ser conquistados!
Voa ave obscura, pelas rapinas da noite,
Ao embriagar sacro das tuas tavernas
O sentimento, a ilusão caminhará ao lado teu como açoite,
Ora, não fugirás, corações não criam pernas!
Corações não são muralhas,
Corações não são castelos,
Mas, sim, adormecem no fogo da palha,
Só se concertam em função dos martelos!