AURA DE NOVO TEMPO

A manhã nunca tem voz,

mas sempre me grita em silêncio.

Quase aurora

e na janela que se reabre

o perfume da aura do que se vai.

As manhãs são como o tempo,

que também só sabe ir!

A deixar uma névoa de mim.

Todo final de tempo

eu viro poesia.

Ainda há pouco

um cometa riscou o meu céu,

qual um giz de luz na escuridão!

Parecia a vida...

Cometa tão rápido quanto

a luz dos tempos,

que sequer me esperou iluminar.

E de repente

é novamente dia!

Que confronto de luzes!

É fim de mais um ano

e essa quietude me desintegra.

Puxo o fôlego

E acelero o coração.

Paralizo o universo,

Travo-o com cansadas mãos

Imobilizo as horas

e mesmo assim as pedras rolam.

Mudanças são tão inexoráveis

quanto as partidas.

Não há força que as detenha.

Então... eu parto.

De mim e por dentro.

A me reciclar dos pedaços de sonhos

Nessa aura dum novo tempo.