De uma vida simples
Era uma cidade do interior.
Ao pé do morro
Ficava a casinha.
Cuidadosamente plantadas
Margaridas e rosas floriam
À varanda aberta ao sol nascente.
Era manhã, cedo ainda;
Os pássaros em seus gorjeios
Largavam voos de galho em galho,
E toda uma família de capotes
Habitantes das matas em redor
Acordavam a casa que dormia
Só para serem parte do alarido na hora do café.
Tinha-se de ir ao riacho por uma vereda;
A sala ficava triste nesse instante;
Até os cães e gatos seguiam a meninada.
Uma frondosa mangueira com seu ar matriarcal
Estendia os frutos a serem colhidos.
O papagaio no alto duma trepadeira:
_Currupaco papaco!
Avisando à cozinheira
Que os meninos voltariam
De barrigas vazias!
Tudo era tão belo
Que conservo até hoje
Do mesmo jeito,
Na simplicidade do verso.