Crepúsculo
Início do crepúsculo matutino náutico, em breve o alvorecer.
Em simetria ao lume fatídico, amantes exaustos a adormecer.
Suspirando aos ares, delirando num rio de ilusórias virações.
Suados, ardentes, indiferentes ao frio no calor das sensações.
Os raios nos corpos nus, desenhados, invejosa a lua os rodeia.
Só a alma triste do poeta, de solidão se expande e devaneia.
A aurora vem com toda a alegria e ruge o grandioso clarão.
As cores enobrecem o dia, o astro sol profliga na imensidão.
Crianças sorriem com ironia, pessoas caminham sem direção.
Com a sua sutil e doce melodia, a manhã canta o hino da criação.
Mas o poeta é crivado das adagas mais profundas e eternas,
E nem mesmo o astro iluminado, o aquece em suas cisternas.
O crepúsculo vespertino aparece mais um ciclo a se precipitar,
Nada de novo acontece. Só mais amantes ansiosos pra amar.
Sem cotovelos sobre o batente, o silêncio e a ausência total,
O Poeta brinda á madrugada e á eminente escuridão natural,
Outra vez sua mente palpita no lugar do seu insano coração,
E a noite que não pode ser infinita, eterniza-se na obra de sua mão!