Correnteza

Rio dos meus sonhos

Em cada brisa te encontro

Na paisagem de inverno

Tua vazão e mistérios

Silencioso tomas minhas mãos

E a enlaças como dois remos.

Mas onde tuas águas desembocam?

Onde teus desejos se perdem?

Oculto entre margens de mim.

Onde se situam, enfim

Os canais desta vida?

Se tencionam me levar a alguma via...

Se pretendem ser mui corretos

Em tuas curvas e remansos

Tua espuma nas corredeiras

Embaça-me a visão de tuas margens

Rio, não mais te alcanço,

Feito barco perdido

Imploro-te, não mais esconda-te,

Abre-te ao mundo o teu amor...

(e te lances no mar!).

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em janeiro de 1975.