RITUAL
A lua em seu estado minguante
Parecia um barco à vela
Deslizando sobre um mar revolto
Envolto no manto negro da noite
As ondas batiam fortes nos arrecifes
Como se estivessem brindando
Em cálices de prata a minha velhice
Alienava-me de tudo aquilo
Apesar do belo ritual das águas
Abstraído em pensamentos distantes
Sonhava, absorto e inocente
Em ver pela manhã o sol nascente
Me banhar em seus raios quentes
Ranger os dentes ao entrar na água fria
Agora calma com a ida do vento
O sol projetava sombras disformes
Sobre a areia da praia
Pus-me a caminhar lentamente
Acompanhando o sol, e percebi:
Da caminhada, restavam apenas as sombras
De um corpo andante que se foi...