Serenidade Dominical
Serenamente o dia amanhece garoando...
No rosto da terra gotículas de água
Penetram suas entranhas, suavizando
A impermeabilidade do seu núcleo estéril.
Elevando o perfume aromático da união
Dos dois primordiais elementos da vida!...
Lufadas tépidas de ventos noturnos
Melancolicamente sopram sobre o dia sereno.
Não se vê o tempo, o tresloucado tempo,
Correr desesperado pelos ponteiros do relógio.
- Agora placidamente caminha silencioso...
Silêncio! Essa palavra ecoa pelos pavilhões,
Pelos terrenos baldios, pela cidade interiorana,
Pelos corações deprimentes dos ansiosos,
Pelos espíritos altruístas dos solidários,
Pela alma dos que abraçam a solidão.
A natureza mostra a sua suscetibilidade:
A sensível demonstração dos sentimentos vivos
Da confraternização do mistério da vida.
O sol, o soberano sol, esconde-se atrás das nuvens.
E o mundo – visível aos meus olhos –
Deflagra-se numa tranqüilidade indizível...
– Ininterruptamente a existência passa pelas horas!
(22 de outubro 2006)