As mensagens escondidas de Mesalin de Kish
Metempsicose.
Chegou o Outono e a sua sofrível harmonia
Já as grimpas dos telhados não são frequentadas por bandos alegres de andorinhas ruidosas…
(Quem diria que Santo Tirso seria passeio de gaivotas?)
As sinceiras dos marachões da margem esquerda do Ave tomam aquele tom pérola celestial
Na margem direita estão pescadores acocorados entre as ramagens de uns amieiros
Mesalin de Kish paira na filáucia dos espíritos
Eu – e o sangue que me gira nas artérias – somos o centro do mundo
(E talvez o jardineiro que, nos degraus da escada de podar, anda a chapotar os álamos)
No exacto ponto em que se encontram duas linhas imaginárias:
Uma sai da Assunção, a oriente, e vai à procura da ocidental procela
A norte o Rio e a farragem de casas do Pinheirinho, a sul a eloquência do visa diamond
Entre mim e o rio, as obreias e as alfaias religiosas do colossal coristado
Entre as minhas costas e o visa espojam-se galinholas em lupercais gentílicas
O povo, descalço, vai a soutos de castanheiros e a touças de carvalhos, mas não abraça as árvores
Deixa-se seduzir por um foguete de lágrimas, um bombo e um trompão
O corpo da mulher solteira tem um contrapeso que se chama coração
Casada, tem apojadura e sarapinta-me o estilo
Não abraço figueiras com pavor aos sicofantas