Meu Ipê
Vejo nessas manhãs de setembro
Que não mais posso encontrar-te na minha janela
Como sempre eu o fiz nas auroras da fazenda
Não componho versos à sua sombra
Nem sonho mais nas aragens cândidas que trazias no teu seio
As pedras que antes acolhiam-me aos teus pés
Não mais reconheço, não mais as sinto nos meus passos
Que infindas vezes ali passaram
E ficaram a admirar sua generosa paisagem
Cúmplices éramos nós
Eu com meus lamentos, tu com teus murmúrios
Eu com minhas poesias tristes e amarguradas
Tu com tão doce melodia para abrandar os meus fracassos
Ah! meu Ipê florido
Se não fosse tu onde estaria eu?
Quem me acolheria para enfatizar meus versos?
Quem com um suspiro me cobriria de flores e perfumes?
Os dias aqui, no tumulto dos homens não trazem mais a verdade
Que eu podia encontrar em teu recanto
As manhãs daqui já não trazem tanta graça
Nem o céu tantas estrelas quanto contigo eu podia ver.