Sorri na minha morte
Enfiei a mão no bolso,
Eu estava me sentindo leve,
Eu estava me livrando de algo,
Porque a cada respiração eu morria,
Era o sangue desonesto,
Que descia da lâmina da faca suja,
Um prato-feito seria meu almoço-café-da-manhã-janta,
Eu segui em frente...
A esquina era fria
Cheio de gente estranha
Que eu nunca ouvi falar
Uma conversa muda embalava o entardecer,
Dos diplomatas de terno alinhado,
No centro do seu universo,
Na sarjeta do meu universo,
Preparando a cama mais tarde,
Num concreto duro de se acreditar,
Perdi meu sono em qualquer rua,
Das tantas que eu habitei nesta semana,
Das vezes em que me expulsaram,
As casas que desabaram. Mas sobrevivi;
No beco por volta das 3 da madrugada,
Uma emboscada com ladrões profissionais,
Não sobrou nada de uma probre vitima burguesa,
Seus centavos ocupavam o meu bolso agora,
Não que eu tenha ficado feliz, mas sorri;
Tive o ultimo súspiro as 6 em ponto,
O sol se abancou na minha frente,
E eu virei a carne do jantar,
Encostou a viatura, eu corri em disparada
Ouvi os tiros e fechei os olhos,
Segundos mais tarde eu estava no chão,
Sem vida e leve como um pássaro;
Não que eu tenha ficado feliz, mas sorri;