Do fim de Lisandra e Eros
Agulhas, facas, arpões, espadas
Cravados, fincados em corpo nu
O sangue escuro desce escadas
De encontro à foto em cor azul
Forma-se rios rubros, grossos
Que a olho nu não dizem nada
Mas para os olhos como os nossos
Mostram a imagem ajoelhada
Suplicando o perdão ao carrasco
Como foste a cena real a pouco
E pelo tempo impróprio, escasso,
Deliciou-se como se um louco
Em céus e infernos ali impressos
O vermelho na escadaria d'aflição
A obra, a arte, cuidado e pressa
Ainda lhe fora própria à precisão
Agulhas, facas, arpões, espadas
Esparramados ao corpo da donzela
O traído carrasco, vingou-se a cada
Dor que sofrestes em conta dela.