Sou flores chovidas

O peito em navalha sana problemas,

ora sangra ora mutila meus pedaços,

semeados num formato de teoremas,

impossível desatar tantos percalços!

A noite vem mansa, em mãos de fada,

pousando suave nas pálpebras do sol;

troca toda a fadiga pela ânsia sonhada

abre um novo prisma raiando o farol!

Estranhos sonhos de pedra ergueu o céu

para chover flores aromadas, tal nuvens,

antes porém em mim, penumbra em véu

até o longo degelo das mortas paisagens,

que áridas, despetalaram a sangue vivo,

o destino tão entrincheirado como largo,

neste peito meu pulsante e meio amargo

e debaixo das flores chovidas sobrevivo,

pois se aclara o sonho pétreo desmanchado

subitamente me refaço em flores chovidas,

um puro rebento da nebulosidade parido

com doce perfume que abre as alvoradas!

Santos-SP-23/06/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 23/06/2006
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