De Edson Gonçalves Ferreira
Para Susana Custódio e Dulce Leal
Elas foram passear em Lisboa
Fiquei aqui em Divinópolis
Enquanto as tágides circulavam
Coorondo a minha cabeça a dizer
Estão a tomar café no Chiado
Apelei para o irmão Fernando Pessoa
Que ele se multiplicasse mais uma vez
E me representasse lá
Mais tarde, a notícia chegou
Susana Custódio não deu conta de segurar o copo
Dulce não conseguiu evitar o desastre
De amarela, a calça da poetisa ficou marron
Enquanto elas riam de gajo a falar sozinho
E, agora, aqui, em Minas Gerais, cercado de montanhas
Tomando chá diante do computador, relembro
A deliciosa ida a Portugal
Agora, estou metade aqui e metade lá
Quem me dera poder ser múltiplo
Só meu coração tem essa força
E, assim, enquanto rio da cena que, no Chiado, chiou, rio
Rio tanto que sinto até vontade de rolar no chão
E, de repente, não mais que de repente,
Chegam os maestros Lucas e Terezinha Teles
Surpreendem-me no serviço, ao computador
São só sorrisos e amabilidade
Trazem sorrisos, beijos e abraços
E, para meu espanto e delícia, uma vasilha em forma de coração,
Cheias -- sabem de quê -- de trufas
Ganhei a tarde, porque moro nas grécias de Minas, sabem?
Divinópolis, 20.08.09