O u t o n o
O outono se refaz em mil cores,
em milhões de folhas,
em dias verdes, sem timidez,
como um garoto manhoso e encantado,
a refrescar seus dias
em tardes perfumadas.
A luz do dia traz na bagagem
um obtuso reflexo de alma encoberta,
envolta em raios mais sonolentos
que as estrelas gravam todo o tempo.
Oxigena-se o pulmão da terra
atinado, estonteado, densificado.
Na palidez da lua dormitante,
brada um colossal nevoeiro tormentoso.
O outono é um sonhor austero
a vasculhar entre as rusgas carregadas.
Na parança das horas recolhidas,
a panturra de um velho desdenhoso.
São Paulo, 14 de julho de 2009.