CHUVA NO SÍTIO
O jão-de-barro cisca no esterco e fabrica um tijolinho
P´ra construir sua casa lá no alto do coqueiro.
O butiazeiro, parece que de ciúmes,
solta um cacho de flores antes do tempo.
Bandos de sabiás cantam em sinfonia
nos galhos da pitangueira.
O Bem-te-ví espia tudo,
lá do ninho na copa da espinheira.
A pomba roceira, deu azar; caiu na arapuca!
Mas que sinuca!... Vai servir de jantar.
Chove lá fora!... Chuva fina caladeira...
Como o Bem-te-ví, eu observo tudo
da rede na varanda, tomando meu chimarrão.
Agoa, troco a cuia pelo violão.
Tento "arranhar"... Não sai nada!
Sentindo o cheiro da relva molhada
viajo em pensamentos
pelas estradas da liberdade!...
Em um segundo ultrapasso horizontes...
E me pergunto... Por que?...
Estes momentos não são eternidade?!...
Sítio Chaleira Preta/Viamão/Set-1999