Em cascos de rolha
Lá, onde o mar não chega
atrás do sol posto,
em cascos de rolha,
descubro o luar...
Lá, onde a vista descansa
da urbe agonizante
é que meus pulmões se refazem
e recebem em dobro o ar purificado.
Aí, fumo só sai da chaminé do telhado
onde todas as noites fervilha um caldo.
É lá, nos prados mais verdes
que o gado rumina o capim da esperança
e a fonte refresca o rubor das maçãs do meu rosto
saciando-me a sede em torrente de abastança.
É lá, que perco a identidade
no meio da natureza...
E, se um dia me encontrarem,
não vou saber quem sou.
Inundada de paz,
para todos os efeitos,
não vou querer ir embora,
vou sofrer de amnésia!