Meu quarto...
Porção de espaço do meu mero mundo
Lago de lembranças que às vezes inundo...
Testemunha ocular do meu joelho dobrado
Muito mais do meu verdadeiro pecado...
Houve dias em que foste masmorra de um castelo
Recolhendo-me no desespero do meu auto-flagelo,
Mas castelo mesmo foi pelas belas princesas
Que por ali passaram entre lençóis e velas acesas...
Palco de apresentação dos meus sonhos todos eles
É para ele próprio a quem olho quando volto deles...
És noutras vezes cenário de paisagens belas
Onde vejo meu anjo guardião presente nelas...
Da sacada vejo o céu que poucos vêem nas cidades
Céu que muitos clamam apenas nas adversidades...
Ah, céu, uns o querem como sonho de morada,
Outros morrem com forte medo dessa jornada...
Paredes com poder de transformar-se em tela
Prendendo na moldura o rosto lindo dela...
Teu teto no altar simples sempre se muda
Por ele transpassa meu clamor pedindo ajuda
Câmara onde deposito meu corpo cansado
E em espírito saio na busca do meu aprendizado
Quatro paredes cercando meu recanto
Local onde caneta e papel são lenços pro meu pranto...