SOL DE OUTONO

Cálido, caliente

esplendor em cascatas de luz

sou folha errante

neste dia de brumas delicadas.

Em sinuosos movimentos

construo a dança

dos tempos.

Minh'alma se espreguiça

ao teu abraço.

Sou toda claridade

ao som dessa sinfonia

de folhas alteradas.

Na minha trilha

tapete multicolorido

resíduos com cheiro da terra.

Meu astro, estrela dourada

que ilumina os trigais

Deus onipotente, disco resplandescente

que espanta o nevoeiro

e risca o arco-íris num céu semi-obscurecido

diante de ti enlangueço.

Meu sol outonal, traz-me memórias

de séculos, milênios,

de derradeiras visões no campo de batalha.

Jardins perfumados

tamareiras, palmeiras

oásis no deserto.

Janelas iluminadas, beijos, mãos dadas,

contornos de luz que revelam

definivamente

clareiras incandescentes

reflexo de águas cristalinas

doidas marés

insetos zombeteiros

perfis, o corpo inteiro

um lenço, a fera , o tiro

e a lágrima dos dias tristes.

Em dias de outono descubro

o novo em tudo que já vi,

em minh'alma recantos inusitados

alegrias novas nas histórias antigas

as pessoas mais amigas

as tristezas esquecidas

até as certezas se abrandam

os temores arrefecem

a saudade se desmancha

a natureza estremece

nesta estranha contradança.

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 29/05/2006
Reeditado em 14/04/2008
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