O sol devora tudo

De longe meus olhos vêem o mundo desanuviado

Meus dedos percorremos galhos secos de uma árvore e

não conseguem esconder as lágrima que teimam em cair.

É dor que as minhas mãos tocam agora

é luz que não me deixa ver o tempo do futuro

é calor que só me sufoca e me entristece a alma

procuro o ar do sertão e vejo apenas a poeira dando rodopios

em redemoinhos imensos

que mais parecem canhões detonando a vida.

De longe vejo a terra pisada, as trilhas que se somem no meio da mata sem cor, cor de seca.

Os galhos murchos e curvados anunciam um mundo esvaído,

de tratos incompletos e incontidos.

Mas a alma do sertão é viva!

É viva alma do sertão!

De tão viva, me mostra a sua face

Os mesmos olhos que vêem a dor

também vêem a harmonia.

Em meio aos galhos secos desponta uma flor amarela,

outra vermelha,

outra branca,

revividas pelo orvalho e pela esperança de nuca morrer.

Ao lado de uma mancha verde vem outra e mais outra...

É viva a alma do sertão!

As curvas traçadas pelo vento, pelo arado das lavouras,

todas elas são lambuzadas pelo orvalho da noite que alivia o fervor da terra.

O milagre acontece.

A chuva devolve tudo o que o sol tirou.

E ai podemos ver de perto a cor da alma do sertão:

O verde-vida!