MELANCOLICAMENTE DESAMPARADO

Foge-me sem jeito o tempo,

Corre-se-me de minha vista;

Aglutina-se em mim a anestesia:

tomado por uma intensa paralisia.

Embriaguês ao sabor do incerto,

De um Afeto não mais perto;

Escoam-se lágrimas deste olhos:

de tão vermelhos desistem da tristeza.

Porém a angústia permanece,

Inaltereda não desaparece;

Um toque frio do vento:

sensação obscura abaixo de zero.

Toque de recolher, ando...

Para onde e até quando?

Desatino cruel da dúvida:

perdido, mais em mim me desencontro.

O choro da flauta em seu canto

À distância reconhece o meu pranto;

Chorando semelhante saudade:

dispomos à multidão nosso perecer.

Perambulo em meu vazio,

Acompanha-me um calafrio;

Meu destino inoperante:

passivo vivencio minha dor...

Dor que não se acaba, martirizada,

Agonia incessante, desenfreada;

Arrebenta meu coração:

de tanto sofrer já não tem mais noção...

Tiago Curralo
Enviado por Tiago Curralo em 08/06/2009
Código do texto: T1637906
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