TREM DAS OITO
Corre desatinado o trem das oito...
Um vagão atrás do outro, cheios de carvão...
Pó, fumaça, fragmentos se acumulam
E deslizam entre os dormentes alinhados.
Os trilhos espiam a nostalgia:
Tempos antes, minutos depois, horas sem data.
A marca das histórias se avoluma,
Os registros retalhados carregam suas memórias.
Ao cruzar o estreito labirinto entre os morros,
O trem cada vez mais se distancia...
Seu destino está atado permanentemente
- Um murmúrio de estampidos se alonga.
À beira do caminho despontam taipas
E o riacho grande respira aliviado.
Sinais no céu de maio trazem nuvens cinzentas,
Desenhando com beleza a imaginação.
As sombras caminham mansamente na estrada.
O trem das oito rompe o silêncio,
Atravessa os extremos constantes e faz
Paragem na velha estação abandonada.
São Paulo, 26 de maio de 2007.