Sangra-Seca
Minha casinha era de barro,
Era coberta de bambu.
Tinha marmita... não tinha prato...
Minha vida era azul.
Ali nasci, cresci, brinquei.
Jogava bola, imitava o rei.
Na Sangra-Seca não tive fome.
Na escolinha escrevi meu nome.
Lá, um era amigo do outro.
A palavra valia ouro...
Todo mundo era da roça.
Ninguém tinha vergonha da mão grossa.
A lavadeira lavava a roupa
Numa fonte de água doce.
Minha mãe gritava doida:
"Vem menino comer a sopa!"
Eu era feliz e não sabia.
Tudo lá, era alegria!
Mas, como tudo que é bom dura pouco,
Minha Sangra-Seca virou assopro.