Refrondar infinito

As raízes sustentam a minh'alma ou esta as faz

maleaveaveis furando o inferno, serpenteando

em pedras e águas benditas treinando odores?

asas folhadas abertas abraçam o céu crescendo

na banheira de chuva que lhes cobre de flores,

e o que anda pelo meio se enche d'imensa paz!

Sou a raiz da força que vigia rumos molhados

e provenho da seiva basic'um corpo enrugado

de se equilibrar e valsar entre ventos alados,

sou a vida antagônica com orgulho refolhado

e humildade nos frutos que semeiam prados,

a florada de perfume porém exibo ao mundo!

Meu lado humano-paradoxo suga totalmente'sol

deixando abaixo somente frescor e penumbra,

sigo protegendo e na chuva eu me faço lençol,

aconchegand'os ninhos orquestrais na sombra,

para guiarem tod'a família de sonhos ao farol;

entre hinos e risos há tant'amor qu'até sobra!

Todo o meu verdor se esvai de estio em estio,

tal qual meus buquês voltam à terra receptiva;

sem copa, sem pico ou asas sou sempre início

a refrondar e florescer do pé escorado à selva;

os pássaros me refazem seus lares. Um silêncio

inteiro agreste na voz muda de mato me salva!

Grenoble-Fr-21/05/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 21/05/2006
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