Morrendo todos os dias
Cruzaram as espadas do destino frente o rosto de nosso herói
Abandonado, ele retornou ao seu esconderijo dentro de si
E enquanto as flores não florescerem, prometeu não voltar
Era de sangue o cheiro que sentia logo ao despertar; porque morria
Ferido onde nenhum homem consegue cura adormecia; porque morria
Sorria pela falta de sorte, e ingratidão do destino que desafiara sua vontade
Era forçado a chorar todas as noites, ao lembrar que seu pesadelo era real
Nas vezes que dormia os seus sonhos eram amargos, tão quanto a realidade
Não conseguia pensar na felicidade, recluso ficou dentro de si; porque morria
Era obrigado a conviver com a bondade que restara no seu interior; porque morria
E das cruéis espadas do destino que podaram a sua esperança,
Ele esperava que levassem sua vida de uma só vez, não aos poucos
Tentou achar os culpados, acabou culpando a si mesmo pela falta de força
Por ter naufragado no inferno desejava ter esperanças; porque morria
Enchiam de solidão os olhos, ao olhar para o espelho; porque morria
Porque morria, não saiu mais de casa, nem abriu mais a porta
Porque morria, não olhou mais para as estrelas, não viu mais a lua
Porque morria, não sentiu mais perfume nas flores
E no final de longo tempo, se perguntou “afinal porque eu sofro?”
Sem saber a resposta seguiu sofrendo, mas ainda viveu por muito tempo, desejando sua morte