ZEQUINHA,O ATAFONEIRO

ZEQUINHA, O ATAFONEIRO

(lembranças de infância)

Um atafoneiro que ia

Um moinho que vinha

Uma estrada dia a dia

Uma vida de farinha.

Encontravam-se, Zequinha

E no meio, o moinho

Vaca e bosta no caminho

Nas sobrancelhas, farinha.

Ralavam-se, milho e mó

Havia pó e sacos cheios

Os de trigo eram meios

Do Zequinha, um saco só.

Dava dó da roda d’água

Que girava já sozinha

Quando via o Zequinha

Sempre só com sua mágoa.

É proibido sentar no saco!

Em carvão, bem grande escrito

Num aviso irrestrito

A quem das vistas era fraco.

Pra lida, Zequinha deu-se

E pra vida, solidão

Jamais teve um coração

Que para o seu batesse...

Zequinha vinha

A atafona ia

A estrada dizia:

Por aqui, Zequinha!

Morreram sós, Zequinha e mó...

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 28/04/2009
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