MINHA CIDADE

Minha cidade tem nome de escritor

Mulheres que vendem leite

Homens que compram pães

Tem bêbados na calçada

Pessoas da roça

Feijão ao sol

Meninas na praça

Minha cidade não é especial

Tem formato de coração

E cria uma espécie de ilusão

De ser paraíso e descanso

nas andanças pelo sertão

Minha cidade passa por dentro de mim

Com minhas amigas morrendo de amores hoje

E nascendo amanhã para morrerem por novos amores...

(como amam minhas amigas)

(como morrem minhas amigas)

Todos que moram em minha cidade

Têm a mesma cara

Os mesmos sonhos

As mesmas ilusões

Comem do mesmo pão

Do mesmo feijão

Da mesma luz

Minha cidade é igual a tantas outras

Que existem pelo mundo

Mas tem poema em cada esquina

Em cada estradinha,

Em cada ruga

Em cada casa perdida no sertão

Minha cidade com nome de escritor

Parece perdida no sertão

Como uma história que não se conta mais

David Souza
Enviado por David Souza em 27/04/2009
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