MINHA CIDADE
Minha cidade tem nome de escritor
Mulheres que vendem leite
Homens que compram pães
Tem bêbados na calçada
Pessoas da roça
Feijão ao sol
Meninas na praça
Minha cidade não é especial
Tem formato de coração
E cria uma espécie de ilusão
De ser paraíso e descanso
nas andanças pelo sertão
Minha cidade passa por dentro de mim
Com minhas amigas morrendo de amores hoje
E nascendo amanhã para morrerem por novos amores...
(como amam minhas amigas)
(como morrem minhas amigas)
Todos que moram em minha cidade
Têm a mesma cara
Os mesmos sonhos
As mesmas ilusões
Comem do mesmo pão
Do mesmo feijão
Da mesma luz
Minha cidade é igual a tantas outras
Que existem pelo mundo
Mas tem poema em cada esquina
Em cada estradinha,
Em cada ruga
Em cada casa perdida no sertão
Minha cidade com nome de escritor
Parece perdida no sertão
Como uma história que não se conta mais