NORDESTE ESQUECIDO
Por: Rosa R. Regis - Natal/RN - 12/02/1999.
Entremos Nordeste adentro
e veremos o que é sofrer!
Vendo coisas de doer
em derredor e no centro
onde em nenhum momento
se ouve reclamação
em forma de palavrão,
só em forma de lamento.
O nordestino é peitudo!
raçudo! trabalhador.
Cabra sem medo, doutor!
Que enfrenta quase tudo!
Até o Diabo chifrudo
ele enfrenta sem tremer,
e ainda põe p’ra correr
o danado do cornudo.
O nordestino é muito forte
e não tem medo do azar!
Se tem como trabalhar,
ele se acha com sorte.
Na plantação ou no corte,
trabalha “p’ras nêgas ver”!
Pois o que lhe faz sofrer
não é o trabalho, é a má sorte.
E “má sorte” p’ro nordestino
é não ter onde trabalhar
para os filhos sustentar.
Por isso pede ao Divino,
rezando em forma de hino
a Cristo, Nosso Senhor,
implorando com fervor
e com o coração de menino:
Pede a Deus p’ra não deixar
o sol queimar o seu chão.
Pois a água vira torrão.
E o gado sem pastar,
sem água para escapar
já não tem como viver,
e mugindo até morrer
faz o matuto chorar.
E não só o matuto chora
Mas, quem tiver coração
Como o matuto. E então...
pedem a Nossa Senhora
que lhes mande uma melhora.
E apelam para os políticos:
-Já que falam tão bonito...
pensem no Nordeste!!... É hora!