Palmares, amanhã
Palmares, faroeste do nordeste,
pistoleiros, fazendeiros, comerciários,
misturando-se com padres e políticos,
filhos, netos de guerreiros míticos,
professores, estudantes, estagiários,
indo sem rumo numa enfadonha vida,
empurrando uma banal sobrevivência,
cheia de nada, de rotina aborrecida,
temperada às vezes, por concupiscência,
pela ousada aparição de um “trio elétrico”,
uma banda na Sulanka, um “Forromares”,
(os chamados ‘eventos culturais’
de atrativo popular magnético).
Palmares, a de vozes melodiosas,
reclusas em igrejas radicais,
Palmares, de mulheres voluptuosas
atraindo homens casados, por sinais.
Palmares, de cortadores de cana
de usinas pretéritas, de engenhos verdes,
de casarões antigos e senzalas,
de coronéis fazendo as malas...
Palmares, de um futuro promissório,
mas com um medíocre presente,
eu te amo, e meu amor, notório,
faz com que eu lute por ti constantemente!
Mas, acorda!: o futuro nunca chega
se não o criarmos juntos neste “agora”,
pois o amanhã depende de tua entrega
ou, se não quiser, de ir embora.
Palmares, hoje: realidade
do dia-a-dia que vivemos.
Palmares, amanhã: futuro incerto
que irá depender do que lhe demos...
Daniel Panno
Palmares – 5 de junho de 2004