O GAÚCHO

Nas invernadas da vida

Sem medo de viração

Ele levanta cedito

Toma logo o chimarrão

Depois vai ao tira gosto

Arroz, feijão, ovo frito

Pega da bota e do poncho

Sai pra lida solito

No campo é lindo de ver

Hora cuidando do gado

Ou vendo o pingo pastando

Sente a vida renascer

Meio dia, sol à pino

Gorgeios de sabiá

Senta à sombra da figueira

E a bóia é seu maná

Na querência, entardecendo

A Estrela D'alva aparece

No baio, a trote, cantando

Apeia, faz uma prece

De noite o descanso é bom

Sem sobressalto ou lamento

E no remanso das horas

O sonho vem feito vento.