REFLEXÕES AO LUAR
REFLEXÕES AO LUAR
Josa Jásper
Antigamente,
quando a lua aparecia,
seu clarão me enternecia
e eu gostava de ficar
ali, parado,
contemplando da janela
toda luz que vinha dela
pra meu quarto iluminar.
E, então, sentia
que do céu ela me via,
me escutava e parecia
que queria me falar...
Ficava olhando,
pensativo, contemplando...
Ia o mundo abandonando
pra com ela conversar.
À luz da lua,
eu me sentia satisfeito,
desfrutando, com proveito,
essas carícias do luar
e, vendo a lua
iluminando o meu caminho,
nunca me senti sozinho,
nem motivos pra chorar.
E foi até
numa estradinha enluarada
que eu achei a namorada
com que vim a me casar!
E repassei,
depois também às minhas filhas
a emoção das nossas trilhas,
sob a escolta do luar.
Mas hoje eu vivo
na prisão desta cidade
e o tormento da saudade
não me deixa sossegar!
Lembro-me ainda
da janela pequenina...
da estradinha na colina,
num convite a passear...
De que me serve
o janelão da minha sala,
se hoje a lua não me fala,
nem consegue me encontrar?
Entre nós dois
existem blocos de cimento
e, em meu rico apartamento
choro a ausência do luar.
Só eu percebo
quanto aqui vivo sozinho,
mesmo tendo em meu caminho
rumorosa multidão!
Toda essa gente
por aqui nem se conhece
e estou certo que padece
de uma grande solidão!
Há muita gente
que graceja até da morte,
que sorri da minha sorte,
porque eu vivo a lamentrar...
Um grande amigo
me ensinou que homem não chora,
mas eu sei que a lua outrora
com certeza o viu chorar!