NÃO VOLTO PRA CASA
E recostado no muro
Vou me mantendo em pé
Mesmo que de joelhos
Já esteja há muito tempo
O suporte pesa tanto ou mais
Do que o próprio apoio para seguir em frente
A aflição termina, mas cede a vez a intolerância
E a sensação é de que o céu não existe
Sem perpetuar sigo nas inglórias de uma vida breve
Sigo por um caminho sem paradeiro
Sem direção
E a vontade de abandonar
É igual ou maior
Do que a liberdade de ficar
Por mais que ofereçam hipóteses
Já não tenho escolha
O tesouro que havia escondido
Algumas camadas abaixo do local demarcado em meu peito
Enferrujou e para nada mais serve
Somente o baú servirá para algo mais
Para guardar todo o rancor
Que agora desbrava meu ínfimo coração
A tempestade continua
Lavando meu corpo
Surrando minha alma
E gota a gota
Vou me desmanchando
O ponteiro parou
A vida silenciou
Os carros continuam correndo
E eu continuo a andar
Tremendo
Sofrendo
Chorando
Aguardando somente o sinal
Para atravessar a faixa
E dirigir-me novamente para o caos
O qual um dia
Já chamei de lar