A Rosa Negra
A manhã surge com preguiça e sonolência
O céu vai clareando
As estrelas vão abandonando o firmamento.
O ar frio entra pela narinas daqueles desavisados
Que ousam colocar seus pés para fora de seus lares.
A lua permanece ali no céu
Como se quisesse apreciar também o amanhecer.
Do telhado escorre água pura;
Neve que derrete lentamente.
No quintal a única coisa que se vê
É um tapete branco
Onde a Rosa Negra floresce.
Forte, imponente, assustadora.
A beleza da flor que sobrevive ao frio
Fascinante até mesmo àqueles que enganaram a morte;
Causa arrepios naqueles que amam suas vidas.
Esses espinhos afiados como espadas
São mais antigos que o destino
Mais traiçoeiros que a mentira.
Tolos, são aqueles que se arriscam a tocá-la
Sábios, são aqueles que a abominam.
O veneno da flor é fatal
Capaz de cegar o coração dos mais bem intencionados.
Para sobreviver, não a toque;
Nem para o bem, nem para o mal.
Quem deseja viver em paz, deve ficar em silêncio,
E apenas escutar o canto maldito da Rosa
Que insiste em permanecer no jardim branco.
No meu quintal as almas vivem
No meu quintal, as lágrimas congelam
Os sentimentos morrem
E apenas a Rosa Negra sobrevive.