A VERDADEIRA DESCRENÇA

Tão bela é minha solidão passageira

Tão quente é o vazio que inspiro deste mundo

Ah! O meu amor ao próximo é um doce sem graça

E apenas recolho toda a maldade das calçadas

Deveria eu ser um pouco cego? Um poço sem fundo para tolerância?

Tentar deixar as moscas brincarem com meus olhos?

Talvez deitar de cara ao sol com as costas às paredes

Somente para sentir um calor diferente, algo de verdade

Tantas vidas são a minha vida

Mas nada sou perante a brincadeira que é viver

Se mentiras rolam e descem feito rios

Nada faço para deixar de ser represa, e o que é isso?

O que faz aquele que caminha e prega?

Quando a bondade não é capaz de criar

Sem histórias para imaginar a alegria de sorrir

Ah! O meu amor pelo próximo é uma farta miséria

A razão que me mostra quanto sou sonhador

Traz-me de volta à solidão social

Não são os sofredores o meu tormento noturno

São os meus próprios demônios que gritam sem parar

Apenas um lampejo inconsciente e consequência

De uma verdadeira descrença na verdade...

Pássaro das Palavras
Enviado por Pássaro das Palavras em 19/02/2009
Código do texto: T1446873
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