A VERDADEIRA DESCRENÇA
Tão bela é minha solidão passageira
Tão quente é o vazio que inspiro deste mundo
Ah! O meu amor ao próximo é um doce sem graça
E apenas recolho toda a maldade das calçadas
Deveria eu ser um pouco cego? Um poço sem fundo para tolerância?
Tentar deixar as moscas brincarem com meus olhos?
Talvez deitar de cara ao sol com as costas às paredes
Somente para sentir um calor diferente, algo de verdade
Tantas vidas são a minha vida
Mas nada sou perante a brincadeira que é viver
Se mentiras rolam e descem feito rios
Nada faço para deixar de ser represa, e o que é isso?
O que faz aquele que caminha e prega?
Quando a bondade não é capaz de criar
Sem histórias para imaginar a alegria de sorrir
Ah! O meu amor pelo próximo é uma farta miséria
A razão que me mostra quanto sou sonhador
Traz-me de volta à solidão social
Não são os sofredores o meu tormento noturno
São os meus próprios demônios que gritam sem parar
Apenas um lampejo inconsciente e consequência
De uma verdadeira descrença na verdade...