Saudade
 

 

                         “Para ser grande, sê inteiro: nada

                                       Teu exagera ou exclui.

                          Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

                                No mínimo que fazes.

                          Assim em cada lago a lua toda

                                Brilha, porque alta vive.”


 

 

     Aquela casa...

     Paradeiro das minhas lembranças.

     (Uma suave música ecoa no ar.

     Cenas de uma vida  esquecida.

     Restos de um tempo que não existe mais.)
 

     Como era feliz!...

     Risos ecoavam entre aquelas paredes.

     A vida demorava a passar...
 

 

     ...

 

     “Tão cedo passa tudo quanto passa!”

     Restam pedaços de sonhos caídos no chão.

     E “tudo é tão pouco!”
 

 

    ...

 

     
     Volto agora à terra que amei um dia.

     O tempo passou,

     Muita coisa mudou.

     O velho jardim da praça,

     Já nem existe mais.

     Foram-se a ternura e a graça

     Dos antigos carnavais.

 

 

     Vi com tristeza o velho cinema

     Que há tempos cerrou suas portas.

     Templo da magia e de esplendor.

     Quanta saudade das matinês,

     Nas tardes de domingo, quanto amor!

 

     Aquela porta...

     Velha madeira carcomida e tosca -

     Por ela passou a vida, passou a morte...

     - Muda expectadora das bênçãos e da paz.

     ...meu destino, minha sorte!

 

 

(Os versos entre aspas são de Fernando Pessoa e a pintura em tela “Vaso à Porta” é de Ana Nunes)

 

 

                    Vinhedo, 16 de fevereiro de 2009.