PIRIRI DA CHUVA

Derrama as mágoas

Em canto minguado,

Amofinado pela água,

De suave gotejar.

Dá dó o canto do Piriri

ata meu coração em um nó

É de abismar!

Parece estar enjaulado

Ali, sem sair do lugar

Amuado na ribanceira

Sussurra notas num pio bocó

Depois pára, escuta

E sem ter resposta

Não bate a asa

E com o bico se cutuca

Encolhido no cipó.

Olha o céu, se enfastia

Olha o chão...

A enxurrada

Sai daí Piriri!

Solidão não é desgraça

Não faça pirraça

Escuta minha proposta,

Canta com gosto!

E sai desse desgosto!

Pois assim, sem raça

(Te digo meio sem jeito)

Que teu canto, não tem graça!