O trivial da rotina

O sol da manhã, ardentemente,

brota do seio daquele monte;

o veleiro pelo mar, suavemente,

vai em busca do horizonte.

O operário se levanta bem cedo,

sai à procura do salário mínimo;

o aposentado sob o arvoredo,

relembra o passado, já fez o máximo.

O inspetor em pé na calçada,

apita, agita o braço, libera a avenida;

a moça que vive sempre na sacada,

vai e volta, não sabe o que fazer na vida.

O jornaleiro segue o seu roteiro,

grita, vende, entrega o matutino;

o mendigo que o dia inteiro,

pede esmolas num mesmo hino.

Na banca um homem lê a manchete,

e sai falando da situação;

um outro que entra na lanchonete,

sai reclamando do preço do pão.

O carteiro percorre a cidade,

cartas leva e pacotes também;

o cambista de meia idade,

vende a sorte por um vintém.

Harock
Enviado por Harock em 01/02/2009
Reeditado em 28/01/2020
Código do texto: T1417281
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