O trivial da rotina
O sol da manhã, ardentemente,
brota do seio daquele monte;
o veleiro pelo mar, suavemente,
vai em busca do horizonte.
O operário se levanta bem cedo,
sai à procura do salário mínimo;
o aposentado sob o arvoredo,
relembra o passado, já fez o máximo.
O inspetor em pé na calçada,
apita, agita o braço, libera a avenida;
a moça que vive sempre na sacada,
vai e volta, não sabe o que fazer na vida.
O jornaleiro segue o seu roteiro,
grita, vende, entrega o matutino;
o mendigo que o dia inteiro,
pede esmolas num mesmo hino.
Na banca um homem lê a manchete,
e sai falando da situação;
um outro que entra na lanchonete,
sai reclamando do preço do pão.
O carteiro percorre a cidade,
cartas leva e pacotes também;
o cambista de meia idade,
vende a sorte por um vintém.