O U T O N O ...

Intempestivo amor como ventar 
 o outono...

Chega após as floradas dos sentimentos ,
A estação dos contos...Martirizando a beleza,
Na angustia sentida, que vestem
Sedas de carinhos ,ornados nas sutilezas
Dum Infame martírio,repetindo a crueza...

Ora um ventar intermitente ...
Na brisa mansa dos ais que sopram,
No lidado triste das tormentas. Que mortificadas
Carpem como as folhas orvalhadas, que rolam
perdendo-se no rumo em seu abandono. 

Desgarradas da árvore, insufladas ao vento
Sem destino traçado. Adubam o solo
Farfalhadas em lamento. Encintares descomedidos 
de momentos vividos, nos sentires cinzentos, 
olhares revelam os descritos... 

Na cegueira das mãos insatisfeitas ,
A deslizar no corpo mudo, desaguando
Na boca das tormentas... Nas brumas cinzentas, 
da garoa que corta, tutelando a terra escondendo 
astros no negrume do fume, soprando em sonatas...

Assoberbados da iniquidade em degredo,
Ao despertar imaginando. Um amor dolorido
que enrijece o senso , as comportas fechando.
Enferrujando os gonzos, as chaves perdendo
no desencanto. Travas em elos, trancado no imo...

Sem cor sem perfume, um canto sem eco 
Dum poema sem rima! Que segue catando seixos
Nas margens dos rios ,eternecendo os versos
Nas mesmas folhas cravadas de espinhos.
Lavando o passado em torrentes, que levou o vento ...

Cinzas vocálicas que o tufão arestou,
Fragmentos restados da rosa do mato ,
Nebulosa estação, justifica o que plasmou!
EU SOU O QUE EU SOU ,um outono 
fenecido , e já nem sei quem sou! 


“ A Poetisa dos Ventos”
Deth Haak
9/4/2006

obs: tela da artista plástica Fátima Ribeiro.




Deth Haak
Enviado por Deth Haak em 11/04/2006
Reeditado em 11/04/2006
Código do texto: T137395