AVENIDA PALESTINA

… Eu nunca havia visto chuva de granizo…

Ontem, enquanto caíam do céu pedras de gelo,

Eu regressei à minha infância:

O medo do desconhecido…

O encanto da natureza tão complexa…

A união de duas idéias desconexas.

Parece que vivi atrás do vidro da janela,

Através do qual eu podia ver a chuva.

Entretanto, embora tentasse, não podia tocá-la.

Um vidro transparente me separa

Da chuva de gentes que há lá fora.

E, ao invés do granizo que nunca vi, quando menina,

Vejo voando o granito das paredes da Palestina

E, com ele, as idéias e sorrisos de outras meninas indefesas,

Tão sutis, tão indeléveis, destruídas,

Destituídas do direito de tocar a chuva,

Destituídas do direito à beleza de crescer e ser mulher.

Quando eu fui menina,

Eu vi o gelo cair e achei lindo:

Quão limpas as ruas ficaram, depois da chuva!

Quando sou mulher,

Vejo o gelo cair e tenho medo de quanta dor

Vai haver depois da chuva,

Na Avenida Palestina do meu coração.

O granizo dissolve.

O granito não!

Beatriz Oliveira
Enviado por Beatriz Oliveira em 06/01/2009
Código do texto: T1370730
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