O riso da noite
Foi aquele sorriso o canto mais inaudível
da pioneira estrela em vão abrindo o céu,
festival de neve onde o mistério preferível
era a rosa imóvel abrindo ao vento seu véu,
brevemente, pois a neve brotada na treva,
tão mágica e poderosa com suas mil notas
na boca silenciosa da noite muda e altiva,
inaudivelmente ecoava pelas pétalas tortas,
o que a roseira habitante dos rosais do sono
sussurrava distante, abotoada no abandono,
descortinando o Mistério mais terno e lindo,
da música em meio às pétalas no anil veludo!
Caia a noite adormecida nos sonhos ardentes,
seu riso contudo,não se ouvia entre as paredes
tão finas,tão perfumadas, tão fartas e quentes,
d’esplendor secreto de toda a azul imensidade!
A voz suave e molhada da noite que chegava do mar,
trazia mil recordações d’infinitas falas tristes,
assim talvez a noite ocultasse risos estridentes,
falando mansa como um rio morno que quer amar!
Ternamente eu deixarei as mãos cálidas da noite
encontrarem o olhar meigo da tão amad’aurora,
sem riso, só carícias mudando as asas da mote,
apelo sereno ao repouso quieto que me aflora!
Santos-SP-07/04/2006