AOS AMORES RESSEQUIDOS...

A chuva veio...

Tão de repente quanto qualquer mudança.

Trouxe um ar de alívio

Ao tão carregado ar da cidade.

Passou pelas antigas calçadas de flores

Umideceu as lembranças do asfalto quente,

Levantou as tendas das ilusões das ruas.

Respingou nos raros resquícios da primavera

Que a mim me parece já se despedir do tempo,

Nas entrelinhas das pétalas que envelhecem.

E a chuva veio...

Tão delicada quanto um beijo escorregadio

A reaquecer a pele fria de carinho,

A hidratar a terra seca dos amores ressequidos.

Veio como quem nada quer,

Porque aos derepentes,

Nunca lhes é permitido o querer.

E a chuva veio...

Tão passageira quanto a própria vida...