AMAR QUEM NÃO ME AMA
Não minto quando afirmo o que me dilacera, nem julgo algo pior já ter vivido;
Quisera estar comigo em plenitude e não apenas o que aparentas por fora;
Tu por quem minha solidão implora, faz de meu rumo atalho tosco e sem sentido;
Já nem me dás ouvidos, pois adormece indiferente enquanto a madrugada chora!
Esqueces que essa mesma madrugada já te fez vigília e dedicou suas melhores estrelas;
Até te propuseste a tê-las, porém teus dias de inverno prevaleceram;
Noutras paragens tuas folhas verdes pereceram e cá deixaram rastros de suas sedas;
E insiste o mal a te ordenar que a mim não cedas, porque teus olhos de paixão já me perderam!
Nessas veredas íngremes e sombrias por onde andam passeando tuas ilusões;
Que já não te permitem as mesmas sensações que os teus lábios mentirosos proclamaram;
Nelas já se esparramaram o sangue amargo que do peito revoltado furtaram os aguilhões;
São essas tuas verdadeiras razões e não os teus engodos vilões que nunca me ludibriaram!
E que me ouça o mundo conformado ante a conspiração dos ópios sentimentalóides;
Quem somos nós se não meros factóides, plantando prantos dignos de repudiar?
Quisera todo o mal me espancar, quisera o pisotear dos infortúnios mais injuriosos e fortes;
Até perder meu sol e meus nortes, só não queria ter amor por quem prefere não me amar!