AMAR QUEM NÃO ME AMA

Não minto quando afirmo o que me dilacera, nem julgo algo pior já ter vivido;

Quisera estar comigo em plenitude e não apenas o que aparentas por fora;

Tu por quem minha solidão implora, faz de meu rumo atalho tosco e sem sentido;

Já nem me dás ouvidos, pois adormece indiferente enquanto a madrugada chora!

Esqueces que essa mesma madrugada já te fez vigília e dedicou suas melhores estrelas;

Até te propuseste a tê-las, porém teus dias de inverno prevaleceram;

Noutras paragens tuas folhas verdes pereceram e cá deixaram rastros de suas sedas;

E insiste o mal a te ordenar que a mim não cedas, porque teus olhos de paixão já me perderam!

Nessas veredas íngremes e sombrias por onde andam passeando tuas ilusões;

Que já não te permitem as mesmas sensações que os teus lábios mentirosos proclamaram;

Nelas já se esparramaram o sangue amargo que do peito revoltado furtaram os aguilhões;

São essas tuas verdadeiras razões e não os teus engodos vilões que nunca me ludibriaram!

E que me ouça o mundo conformado ante a conspiração dos ópios sentimentalóides;

Quem somos nós se não meros factóides, plantando prantos dignos de repudiar?

Quisera todo o mal me espancar, quisera o pisotear dos infortúnios mais injuriosos e fortes;

Até perder meu sol e meus nortes, só não queria ter amor por quem prefere não me amar!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 16/12/2008
Código do texto: T1338334
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