Chuvas resvaladas
Oh! O dulcíssimo amor faz dias pequenos
pelo muito que se quer amar no amor,
as águas vertidas do coração em sonos
avançam vertiginosamente por línguas de ondas em flor,
que desabrocham invasoras e ativas, escalando
todos os silêncios despertos nos sonhos lenitivos,
que reviveram nas pálpebras e risos em bando,
tantos sonhos à busca de mais sonhos cativos,
d’um coração meigo, que se vê abrandando!
Dulcíssimo enternecer galopante e persuasivo
toma conta dos sentidos, ganha horas, anos,
léguas de luz e calor, e da paixão vira escravo,
cujas noites não bastam aos misteriosos abandonos!
E os sonhos temíveis por se acordarem sozinhos,
postergam o despertar para além de mais sonhos,
espetando silêncios, no entanto, cedem vencidos
à presença cheirosa do amor em beijos respirados!
Ondas bravias paralelas à canção marulhada se rendem
e se calam face aos sussurros, que mais que as promessas,
aportam corações em vereda lunada que sombra não temem,
pois as chuvas resvaladas inundam montanhas de esperanças!
Santos-SP-02/04/2006