A PEDRA DO CRUZEIRO E UMA CENA DE AMOR

Homenagem à Marilândia

Quê tarde se vê na serrania:

Aos tons escuros que dividem os montes,

A densa mata aflora, e os verdes cafezais

Ao perpassar do vento pelas ramas

Balouçam nas encostas, quais baianas

Que se eriçam aos sons dos carnavais.

E em meio a tudo a gótica figura

Que as altas nuvens lá no céu perfura

Com o cume pontiagudo...

E é na varanda, lá no pé da serra,

Que o olhar de uma aldeã ansioso espera

O tenro namorado.

Dali se vê a calma do regato,

O cone dos outeiros, o verde mato

Que encobre o descampado...

Vê-se a poeira a esvoaçar na estrada

E a alegria no sorrir da namorada

Ao ver o seu amado.

Depois uma negra tinta apaga a cena

E o mundo se reduz num ponto apenas

Da casa iluminada.

Ouve-se ao silêncio os sussurros...

E a silhueta que à luz acende

Das bocas unidas, e o carinho ardente

De arte impregnados,

E após faz-se ali na mesma tela

Um aceno de amor, lá da janela,

Num adeus ao namorado.

Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 01/12/2008
Reeditado em 02/12/2008
Código do texto: T1313840