A PEDRA DO CRUZEIRO E UMA CENA DE AMOR
Homenagem à Marilândia
Quê tarde se vê na serrania:
Aos tons escuros que dividem os montes,
A densa mata aflora, e os verdes cafezais
Ao perpassar do vento pelas ramas
Balouçam nas encostas, quais baianas
Que se eriçam aos sons dos carnavais.
E em meio a tudo a gótica figura
Que as altas nuvens lá no céu perfura
Com o cume pontiagudo...
E é na varanda, lá no pé da serra,
Que o olhar de uma aldeã ansioso espera
O tenro namorado.
Dali se vê a calma do regato,
O cone dos outeiros, o verde mato
Que encobre o descampado...
Vê-se a poeira a esvoaçar na estrada
E a alegria no sorrir da namorada
Ao ver o seu amado.
Depois uma negra tinta apaga a cena
E o mundo se reduz num ponto apenas
Da casa iluminada.
Ouve-se ao silêncio os sussurros...
E a silhueta que à luz acende
Das bocas unidas, e o carinho ardente
De arte impregnados,
E após faz-se ali na mesma tela
Um aceno de amor, lá da janela,
Num adeus ao namorado.