UMA ALDEÃ AMAMENTANTO
Com a tela virgem à frente, e a inspiração,
No labor em que hora o acaso me alimenta,
Da tinta removida, se apresenta
A tarde em um recanto do sertão.
A família repousa no quintal.
A casa rude, cujas cores lamacentas,
Está sob a mangueira dada a um canto,
E uma jovem mãe sentada em um banco
A amamentar tranqüila o seu rebento.
E em seu colo, com os pés erguidos,
O menino arrasta o seu vestido
E suga-lhe, da mãe, o alimento...
As tetas nuas, seu olhar no filho...
E a tarde a adormecer no doce idílio...
E um rude pai, ali também sentado,
Que o remover da tinta deixa ao lado...
E um cachorro estendido lá no chão...
Desenho ainda em sua retaguarda
Um bosque, flores acesas, o arrebol...
E o silêncio de uma tarde no sertão.