Papo de Minhocas
Vendo o tempo passar, passando o tempo. O sol ardia, um calor quase insuportável neste dia. Passarinhos sombreavam nos galhos das goiabeiras. A terra fofa parecia fatigada quase sem respirar, sufocada sobre raízes de vistosas gramíneas.
Armou-se uma barra para o lado do norte, não é comum este acontecimento, reverberavam os telhados mais próximos onde meus olhos podiam alcançar. Na cacimba destampada em meio as guaxiúmas onde banhavam passarinhos com mais galhardia, os pardais e canários pastavam, os brotos amanhecidos das esmeraldas que tapeteavam meados de um horizonte lateral, margeando vazantes e carreadores daquele chão sem dono. Uma guaipeca chorona resmungava do meu lado na espreita daquele lindo papel de parede para qualquer ocasião, atenta, sentada, ali na inércia. Num instante fechou o tempo e aquela fotografia estava sendo levada pelo vento, parecendo atrasado para algum compromisso inadiável; passou atropelando tudo. As árvores pareciam felizes de braços estendidos pelos ares, sacudindo-os, eram aplausos de satisfação!
De repente o céu começa deixando cair finas gotículas de uma brisa fina que em meados de alguns minutos a terra já estava embebedada com aquele líquido, onde nós molhados, vivíamos segundos de êxtase, olhando a água serpenteando sobre o gramado até as vazantes.
Então começa o festival...
Sobre a terra fofa existiam montinhos de húmus, onde após a chuva, começaram a brotar minhocas, o banquete era comunitário e se faziam presentes: João de barros , sabiás, pardais entre outros. Era satisfação tamanha que a sinfonia daquele instante foi tocada pela orquestra da floresta para meu deleite, num linguajar que pouco poderia interpretar. Imagino que a guaipeca do meu lado também não, estava confusa. Com a pouca experiência que tenho e vendo todos saciados, imponentes sobre os galhos, vistosos todos com uma ótima postura de peitos para frente. Não sei, não, mas para mim, era papo de minhocas!!!!!!!